Thursday, May 21, 2009
Monday, May 04, 2009
Estamos em transição! Crise é momento de perigo, mas também de muita oportunidade. A mudança essencial agora é a transição de uma civilização que só visa o crescimento econômico industrial para uma civilização que procura a sustentabilidade da vida. Um sistema econômico dependente de crescimento infinito e lucros cada vez maiores é suicida, levando em conta a rapidez com que a Terra é transformada em bens consumíveis, armamentos e lixo. Já sabemos que nossas necessidades podem ser satisfeitas sem destruir o planeta. Temos tecnologias e recursos para produzirmos alimento e energia suficientes, assegurar água e ar puros e deixar um mundo saudável para aqueles que virão depois.
Essa grande transição se move em dimensões ou frentes de ação simultâneas:
- Resistência para salvar o que resta e diminuir a destruição infringida ao planeta e seus seres. Ações políticas, legislativas e jurídicas, denúncias, protestos, boicotes, desobediência civil, consumo responsável... Trabalhos deste tipo ganham tempo, salvam algumas vidas, algumas espécies, ecossistemas e culturas, preservam algo da diversidade genética para a sociedade sustentável que virá.
- Desmistificar os pilares da sociedade industrial e criar alternativas. É fundamental entender as causas que nos prendem a uma economia insaciável que usa nossa Terra como puro estoque de suprimentos e como esgoto e também perceber a fragilidade do sistema – e o quanto é dependente de nossa obediência. As alternativas estruturais vão sendo construídas ao mesmo tempo em que aprendemos como o atual sistema funciona. Novos arranjos sociais e econômicos estão brotando da cooperação comunitária, sem esperar que nossos políticos intercedam. Fluindo da nossa criatividade, em nome da vida, estas ações podem parecer marginais, mas elas contêm as sementes do futuro: cooperativas de consumidores, eco-vilas, grupos de estudo e meditação, agroecologia apoiada pela comunidade, restauração de mananciais, criação de moedas locais, práticas permaculturais na cidade e no campo, jardins comunitários, redução do consumo, recuperação das sabedorias ancestrais na cura, na alimentação e na educação, utilização de energias mais facilmente renováveis, igualdade de poder social entre homens e mulheres nas decisões e participações de todos os níveis.
- Nova consciência e novos níveis de entendimento e percepção do mundo, criando os valores que irão sustentar as alternativas florescentes. Revolução cognitiva, despertar espiritual, câmbio paradigmático, lembrando-nos que o universo é vivo e que o mundo é um todo sagrado! A nova percepção contém muitos ingredientes: ecologia profunda, pensamento sistêmico, eco-feminismo, eco-psicologia, antigas sabedorias shamânicas e espiritualistas. Salva-nos de sucumbir ao pânico ou à paralisia. Ajuda-nos a resistir à tentação de enfiar nossa cabeça na areia.
Por aqui, na região Oeste paranaense, estamos construindo e colaborando com sinais dessa transição que vão surgindo em forma de contatos diretos com a terra, na construção de jardins de alimento, hortas, composteiras caseiras, reaproveitando o lixo orgânico; apoio à agricultura orgânica e ecológica local; formação de grupos de cooperação, grupo de compras, encontros culturais, discussões, meditações coletivas; incentivos à produção artística local; estudos individuais e coletivos sobre a nova consciência: agroecologia, permacultura, terapias naturais, ciência ecológica, economia solidária.